A 480 km de Belo Horizonte, a comunidade de Campo Alegre, no município de Turmalina (Vale do Jequitinhonha), se destaca no artesanato e na sua organização. São 106 trabalhadores que compõem a Alaca - Associação dos Lavradores e Artesãos de Campo Alegre, fundada em 1995, em um universo de 300 habitantes do lugar.
Do total de associados, a maioria vive da arte do barro, criando e se inspirando na história, nas lendas e no dia a dia do Vale do Jequitinhonha, considerada uma das regiões mais ricas em cultura, além de muito acolhedora. Desde o século passado, os que vivem do barro em Campo Alegre despertaram pela necessidade de união para facilitar as vendas e a valorização do trabalho de todos.
A concepção de união levou em conta também a melhoria da qualidade de vida dos artesãos e lavradores. No início de tudo, a Alaca recebeu o apoio da então Codevale, hoje Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene). De lá para cá, a Alada cresceu e todos são conscientes de que unidos são mais fortes no incansável ofício de transformar barro em arte e levá-la aos quatro cantos do Brasil.
Na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) tem a Diretoria de Artesanato, que é fundamental no apoio à participação dos mineiros em feiras estaduais e nacionais.
Tradição cultural
Cheia de cultura e tradição, os artesãos, principalmente as mulheres passam os ensinamentos para as filhas e essas para as suas descendentes. Assim chega-se à terceira geração. Por meio do rateio dos associados, a Alaca mantém uma loja na comunidade para expor e vender os produtos e recebe o apoio da prefeitura para manter uma funcionária no local. Apesar da maioria ser de mulheres, a associação integra homens para extrair o barro e outras funções que exigem mais esforço.
Há cinco anos, a presidente da Alaca é Maria Aparecida Gomes Sousa, 45. Ela trabalha com artesanato há 23 anos, influenciada pela sogra e pelas cunhadas, que foram suas professoras. A sua inspiração é o próprio Vale, as mulheres, a casa, os animais, enfim tudo que compõe o Jequitinhonha se transforma em arte. Ela tem três filhos e a segunda já segue os passos da mãe e da avó, frequentando a associação para aprender arte do barro e assim continuar a tradição na família e na comunidade.
As compras ou encomendas do artesanato de Campo Alegre podem ser feitas pelo WhatsApp: (38) 99852-2920 ou nos estandes nas feiras dentro do estado ou fora dele. A próxima feira prevista será em BH, na UFMG, de 8 a 13 de maio.
A iniciativa do Idene de valorizar o artesanato também nos seus canais de divulgação partiu do diretor-geral, Carlos Alexandre Gonçalves. Desde o mês passado, a autarquia passou a publicar uma matéria no site e posts nas redes sociais Facebook e Instagram, mostrando o artesanato de uma localidade que faz parte da área de abrangência do Idene.